Adorno não gostava de assobios. Mais especificamente de jovens no metrô assobiando o final da 1ª Sinfonia de Brahms. Para o filósofo, nada é mais ultrajante do que a vulgarização da música, nada é mais desprezível do que isolar partes da estrutura musical para profaná-la com assobios na fila da espera do trem. Adorno odiava essa tendência do romantismo burguês de amputar uma peça da arte musical para transformá-la num mero fetiche nos lábios contraídos das ralés das estações.
Mas o compositor polonês Krzysztof Penderecki tem a solução para as aflições metroviárias de Adorno: transformar a música em algo “inassobiável”.
E o povo aplaude?! Tá certo que é muito louco a expressão corporal dos músicos, também pudera! o cara estuda música a vida toda para fazer ruído.